Rev. Jefferson M. Reinh

Em tempos de extremismos, creio que o melhor remédio é ser ainda mais extremo. Se esta frase for bem entendida e aplicada de forma correta, sempre chegaremos a uma fé sadia no mundo.

Uma expressão foi cunhada em nossos dias para demonstrar como o ser humano tem buscado autojustiça, ser independente de Deus e de sua Lei. A expressão é “empoderamento”. Mulheres querem ser empoderadas, minorias querem ser empoderadas, os chamados “queers” querem ser empoderados. O que é isso? Querem ter poder, fazer valer sua voz, não apenas direitos, mas ditar as regras, ainda que sob força. E sob uma falsa expressão de convivência pacífica entre a diversidade de comportamentos e pensamentos, que só dura até a primeira contrariedade, vivemos dias de ativismo e muito revanchismo. Uns grupos falam de cultura de ódio, outros falam de libertinagem, e por aí vemos um tempo confuso e difícil de assimilar. Como agir nesses tempos?

O apóstolo Paulo nos leva a compreender profundamente o exemplo de Jesus. Ao ensinar aos irmãos da Igreja em Filipos sobre como proceder em meio às disputas por opinião, ou por ações concorrentes, Paulo leva aqueles irmãos a um padrão que eles não conheciam. O padrão de comportamento dominante naqueles dias era a antiga “Lei de Talião”, que afirmava “olho por olho, dente por dente”, ou no populacho, “bateu, levou”, ou ainda, “quem tem mais força, vence”. Era assim entre reinos, que disputavam forças e domínios, entre clãs, entre pessoas.

Paulo fala do padrão do evangelho (Fp 1.27-30), que é muito mais profundo e denso do que apenas citar a Bíblia. Ele convoca os irmãos a ter um pensamento e atitudes que são acordadas e submissas à Palavra de Deus, e os convoca a abandonar partidos, divisões, vontades e desejos pessoais em prol de um bem maior e mais frutífero (Fp 2.1-4), que seria abençoador para todos, embora num primeiro momento PAREÇA perder direitos e privilégios. Qual o modelo, Paulo? Como estabelecer um padrão? Em 2.5, o apóstolo estabelece tal marco: “tenham em vocês, na mente, no coração, na vida, o mesmo SENTIMENTO (opinião, sabedoria, entendimento, vontade, visão, foco) que houve em Jesus Cristo”. Paulo passa depois dessa convocação a explanar um dos maiores tratados cristológicos da Bíblia, no qual a obra de humildade de Jesus é apresentada de maneira belíssima, muito profunda (Fp 2.6-11).

Jesus é apresentado como sendo plenamente Deus, ou seja, não apenas se parece, mas é, de fato (2.6). E sem deixar de ser Deus, plenamente, torna-se plenamente homem, com todas as implicações dessa natureza e fisicalidade (2.7). E com essas duas naturezas plenas em si, Jesus quebra o padrão da “lei do mais forte”, estabelecendo a Lei da humildade e da oferta de si por outrem (2.8). Vale muito estudar e aprender sobre este texto e sobre a pessoa e obra de Jesus nele.

A Igreja de hoje deve observar esse padrão. Em dias de tantos gritos e ações violentas em busca de empoderamento, a Igreja é a voz de outro, a do seu Mestre. Em dias de tamanho individualismo, a Igreja é humilde para se submeter à Palavra de Cristo e à Pessoa e Obra de Cristo. O resultado vem como veio em Fp 2.9-11. A Igreja será exaltada em Jesus Cristo, daí ser chamada de mais que vencedora (Rm 8.37).

Pense nisso. Dias de tantas disputas, vamos aprender e praticar a verdadeira humildade bíblica!

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