DECLARAÇÃO DE CAMBRIDGE – 5 SOLAS

Os Cinco Solas da Reforma

Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria

Declaração de Cambridge

SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Os pastores negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensino, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.

Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

SOLUS CHRISTUS: A Erosão da Fé Centrada em Cristo

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Tese 2: Solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.

SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a Palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos a verdade estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a sua justiça. Por ele Ter levado sobre si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.

Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.

SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão. Nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dele a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

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O MILÊNIO DE APOCALIPSE 20 (PARTE 2)

Seminarista Leonardo Oliveira

No último artigo publicado sobre o milênio de apocalipse 20, nós demos uma visão geral das posições a fim de introduzir os conceitos, agora nós vamos observar como foi o desenvolvimento do debate ao longo da história e fazer também uma análise de cada posição segundo a tradição reformada.

Desenvolvimento histórico do debate sobre Apocalipse 20

Robert G. Clouse – e outros [1] – afirma que a discussão acerca do milênio tem estado presente desde o primórdio da igreja, na era conhecida como era dos pais da igreja. Ele aponta que, o premilenismo parece ter sido a interpretação escatológica dominante, o que não prevaleceu mais que três séculos:

Nos primeiros três séculos da era cristã o premilenismo parece ter sido a interpretação escatológica dominante. Entre seus adeptos estavam Papias, Irineu, Justino Mártir, Tertuliano, Hipólito, Metódio, Comodiano e Lactâncio. No quarto século, quando a igreja cristã recebeu uma posição favorável sob o imperador Constantino, a posição amilenista foi aceita. O milênio foi reinterpretado em referência à igreja, e o reinado milenar de Cristo e seus santos foi igualado à totalidade da História da igreja na terra, assim propiciando uma negação de um milênio futuro. O famoso pai da igreja Agostinho articulou esta posição, [de tal forma] que se tornou a interpretação dominante que no Concílio de Éfeso, em 431, crer no milênio foi condenado como superstição. [2]

Entretanto, conforme atesta William J. Grier, que faz um estudo nos escritos desses pais da igreja, nada se lê nos escritos de Clemente de Roma, Policarpo de Esmirna ou Inácio em relação ao milênio, pelo contrário, segundo Grier, nos escritos do que se conhece como “Didaquê”, o que se percebe é a expectativa da manifestação de Cristo, não de um reino milenar:

[O 16º capítulo do Didaquê] ensina a vinda de um Anticristo pessoal, nele chamado “o enganador do mundo.” As provações que ele trará não serão apenas para os Judeus ou os “santos em tribulação”, conforme geralmente afirmam os pré-milenistas, mas para toda a raça humana. E não existe, absolutamente, a menor indicação de um “arrebatamento secreto” antes do início desse período. … O “Didaquê” não faz qualquer alusão a um milênio na terra. Parece claro que se o seu autor tivesse crido nisso, o teria dito.  [3]

Grier prossegue afirmando que nos esquemas escatológicos de Barnabé e Inácio a era atual durará seis mil anos referente aos dias da criação, enquanto que o milênio do governo de Cristo será referente ao dia do descanso, o sétimo dia. Entretanto, segundo o próprio Grier, em nada nos escritos desses homens se tem alguma referência à dupla ressurreição, pelo contrário, o “sétimo dia”, referente ao tempo de governo de Cristo só acontecerá após a restauração de todas as coisas: “De acordo com a Epístola de Barnabé, o sétimo dia não chegará antes de que ‘não haja mais impiedade, e todas as cousas se tenham tornado novas’”. [4]

Ao que tudo indica, foi somente no segundo século que dois nomes foram reconhecidamente premilenistas: Papias e Justino, o Mártir. Contudo, como podemos perceber à luz do credo apostólico (entre 150-250 d.C.), não há nenhuma menção a um reino milenar terreno em tal documento de fé, que nos parece confirmar que esse não era o posicionamento da maioria à época.

No fim do segundo, início do terceiro século, certamente defensores do premilenismo foram os seguidores do Montanismo, movimento cristão fundado por Montano, chamado por Eusébio de Cesareia de “heresia frígida”. Lactâncio foi o único homem digno de nota, no quarto século, que ainda admitiu o milênio.[5]

Robert Clouse afirma que a posição oficial durante esse período fora o amilenismo, mas que durante a Idade Média houve alguns defensores premilenistas, todavia, que desde esse tempo até o período da reforma foram poucos os defensores. No período da reforma mesmo, apenas os anabatistas tinham posições premilenistas. [6]

Durante o século XIX motivos pessoais levaram o ressurgimento do premilenismo, resultando, a partir daí, em sua forma mais recente, o premilenismo dispensacionalista.

Um dos líderes mais influentes nesta época foi Edward Irving (1782-1834), um ministro da Igreja da Escócia que servia uma igreja em Londres, publicou muitas obras sobre profecia e ajudou a organizar as conferências sobre profecia de Albury Park. Esses encontros criaram o modelo para os encontros milenistas através dos séculos XIX e XX. O entusiasmo profético de Irving se espalhou por outros grupos e encontrou firme apoio entre os movimentos dos Irmãos (“Brethen”) de Piymouth.

J. N. Darby (1800-1882), um antigo líder dos Irmãos de Plymouth articulou a perspectiva dispensacionalista do premilenismo. Descreveu a vinda de Cristo antes do milênio consistindo de dois estágios: o primeiro, um arrebatamento secreto removendo a igreja antes da Grande Tribulação devastar a terra; o segundo, Cristo vindo com seus santos para estabelecer o reino. Ele cria também que a igreja é um mistério acerca do qual apenas Paulo falou e que os propósitos de Deus na Escritura podiam ser entendidos através de uma série de períodos de tempo chamados dispensações. No momento de sua morte, Darby havia deixado quarenta volumes de escritos e uns mil e quinhentos congressos realizados, ao redor do mundo. Através de seus livros, que incluem quatro volumes acerca de profecia, o sistema de dispensações foi levado a todo o mundo de fala inglesa. A linha de continuidade desde Darby até o presente pode ser traçada desde seus contemporâneos dispensacionalistas e seguidores […] até os atuais adeptos de seus pontos de vista.’ A extensão de sua influência foi tão vasta que em muitos círculos evangélicos hoje prevalece a interpretação dispensacionalista. [7]

Análise de cada posição sobre Apocalipse 20

Passemos agora à uma análise crítica sobre cada posição:

Premilenismo Histórico

Hoekema refuta a posição premilenista-histórico com os seguintes argumentos: [8]

  1. Apocalipse 20 não fornece prova incontestável para um reinado milenar terreno que se seguirá à Segunda Vinda.
  2. 1 Coríntios 15.23,24 não fornece evidência clara para tal Reino milenar terreno. Paulo aqui não está sugerindo que haverá uma ressurreição de incrédulos mil anos após a ressurreição dos crentes: ele não diz coisa alguma nesta passagem acerca da ressurreição de incrédulos. As palavras do verso 24: “E então virá o fim, quando ele entregar o Reino ao Deus e Pai”, não implicam necessariamente um longo intervalo de tempo após a ressurreição dos crentes, mas é apenas um modo de dizer que só então, após tudo isso ter acontecido, virá o fim ou a consumação da obra messiânica de Cristo
  3. O retorno do Cristo glorificado e dos crentes glorificados, para uma terra onde ainda existirá, durante o milênio, pecado e morte, violaria a finalidade de sua vinda e, consequentemente, sua glorificação.

Assim, em sua obra A bíblia e o futuro, Hoekema continua:

O milênio dos premilenistas, portanto, é algo como uma anomalia teológica. Não é nem completamente como a era atual, nem completamente como a era porvir. Com certeza, é melhor do que a era presente, mas fica muito atrás de ser o estado final de perfeição. Para os santos ressurretos e glorificados, o milênio é um adiamento agonizante do estado final de glória pelo qual eles aguardam tão ansiosamente. Para as nações rebeldes, o milênio é uma continuação da ambiguidade da era presente, na qual permite ao mal existir enquanto atrasa seu julgamento final sobre ele. [9] – (Grifos meus)

Premilenismo dispensacionalista

Berkhof faz as seguintes objeções ao premilenismo dispensacionalista: [10]

  1. “A teoria se baseia numa interpretação literal dos delineamentos proféticos do futuro de Israel e do reino de Deus, o que é inteiramente insustentável. […]. Os premilenistas afirmam que nada menos uma interpretação e um cumprimento literais satisfarão as exigências [de algumas] previsões proféticas; mas os próprios livros dos profetas já contêm indicações que apontam para um cumprimento espiritual, Is 54.13; 61.6; Jr 3.16; 31.31-34; Os 14.2; Mq 6.6-8”. (Grifos meus)
  2. “A teoria da posposição, assim chamada, que constitui um elo no esquema premilenista, é desprovida de toda a base escriturística. […] Não há absolutamente prova nenhuma de que Jesus pregou dois evangelhos diferentes, primeiro o do Reino e depois o da graça de Deus; à luz da Escritura, esta posição é insustentável. […] Além disso, temos dois povos de Deus, um natural, e o outro espiritual, um terreno, e o outro celestial, como se Jesus não tivesse falado de ‘um rebanho e um pastor’, Jo 10.16, e como se Paulo não tivesse dito que os gentios foram enxertados na oliveira, Rm 11.17”. (Grifos meus)
  3. “Essa teoria também está em flagrante oposição à descrição escriturística dos grandes eventos do futuro, a saber, a ressurreição, o juízo final e o fim do mundo. […]. Não há mais a leve indicação de que estão separados por mil anos, à exceção do que se vê em Ap 20.4-6. […]. Eles apelam para 2 Pe 3.8 “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia”. Mas, dificilmente isso poderá provar o ponto, pois facilmente o feitiço poderia virar contra o feiticeiro aqui. Poder-se-ia usar a mesma passagem para prova que os mil anos de Ap 20 são apenas um só dia”. (Grifos meus).
  4. Não há qualquer fundamento bíblico para o conceito premilenista de uma dupla, ou tripla, ou até quádrupla ressurreição, como a teoria requer, nem para espalhar o juízo final por um período de mil anos. […]. Outras passagens falam claramente da ressurreição dos justos e dos ímpios num só fôlego, Dn 12.2; Jo 5.28-29; At 24.15”. (Grifos meus).
  5. “É impossível entender como uma parte da velha terra e da humanidade pecadora poderá coexistir com uma parte da nova terrra e de uma humanidade já glorificadaComo poderão os santos em corpos glorificados ter comunhão com pecadores na carne? Como poderão os santos glorificados viver nesta atmosfera sobrecarregada de pecado e em cenário de morte e decadência? Como poderá o Senhor da glória, o Cristo glorificado, estabelecer o seu trono na terra enquanto esta não for renovada?”. (Grifos meus).
  6. A única base escriturística para essa teoria é Ap 20.1-6, depois de se ter despejado aí um conteúdo veterotestamentário. […]. Uma boa exegese se requer que as passagens obscuras da Escritura sejam lidas à luz doutras mais claras, e não vice-versa. Mesmo a interpretação literal dos premilenistas não é coerentemente literal, pois entende a corrente do versículo 1 e também, consequentemente, a prisão do versículo 2 figuradamente, muitas vezes concebe os mil anos como um longo, mas indefinido período, e transforma as almas do versículo 4 em santos ressurretos”. (Grifos meus).

Conforme observa Hoekema, ao analisar os pontos de Herman H. Hoyt, um dispensacionalista, ele diz: “Hoyt simplesmente pressupõe que Apocalipse 20 ensina um reino terreno de Cristo no milênio e então descobre que este reino terreno é predito na profecia do Antigo Testamento. ” [11]

Pós-milenismo

Da mesma forma, podemos objetar o pós-milenismo sob a análise do mesmo Hoekema, porém, agora em sua obra A Bíblia e o Futuro[12]

  1. As profecias do Antigo Testamento, interpretadas pelos pós-milenistas como se referindo a uma futura era dourada milenar, retratam o estado final da comunidade redimida.
  2. A interpretação pós-milenista comum da grande tribulação de Mateus 24 e da apostasia de 2 Tessalonicenses 2 é injustificada.
  3. A expectação pós-milenista de uma era dourada futura, anterior à volta de Cristo, não faz jus à tensão contínua na história do mundo entre o Reino de Deus e as forças do mal. Na parábola do joio (ou erva daninha), encontrada em Mateus 13.36-43, Jesus ensina que o povo do maligno continuará a existir lado a lado com o povo redimido de Deus até a hora da ceifa.

Berkhof, acrescenta mais dois argumentos: [13]

  • “A ideia fundamental da doutrina […] não está em harmonia com o retrato do fim do século que se vê na Escritura. Ela salienta o fato de que a época imediatamente anterior ao fim será uma época de grande apostasia, de tribulação e perseguição, uma época em que a fé se esfriará a muitos, e em que os que são leias a Cristo serão submetidos a cruéis sofrimentos, e nalguns casos até selarão com seu sangue a sua confissão, Mt 24.6-12, 21,22; Lc 18.8; 21.25-25. 2 Ts 2.3-12; 2 Tm 3.1-6; Ap 13”. (Grifos meus).
  • “A ideia correlata de que a presente era não acabará numa grande mudança cataclísmica, mas passará numa transição quase imperceptível para a era vindoura é igualmente antibíblica”. Berkhof continua argumentando que O milênio não será obra do homem, mas sim de Deus, que implementará o seu glorioso reino eterno.

Amilenismo

A respeito do amilenismo, é interessante observar que é a posição, conforme vimos na sessão desenvolvimento histórico, que mais prevaleceu na história. Desde a era da igreja primitiva, era o posicionamento escatológico comum, destoando com alguns poucos teólogos desde os primórdios da igreja, passando pela época da reforma, alcançando a pós-reforma.

Antes do séc. XIX, com J. N. Darby (1800-1882), o premilenismo não havia alcançado tantos adeptos como nos dias atuais.

Além do testemunho histórico, podemos pontuar o método de interpretação amilenista de Ap. 20. Ao contrário do que fazem os premilenistas, que interpretam a prisão de Satanás de forma simbólica, mas entendem o reino milenar literalmente, os amilenistas, buscando ser coerentes com a forma de interpretação do texto, também interpretam o reino milenar simbolicamente, como o fazem com o relato do aprisionamento de Satanás.

Os amilenistas buscam evidenciar que, uma vez que alegam estar vivendo o milênio, obviamente, é preciso entender que Satanás já está preso – embora, como vimos, para os amilenistas, essa prisão figurada, é uma restrição para enganar as nações, conforme Ap 20.3 “para que não mais enganasse as nações” – assim os amilenistas explicam o atual aprisionamento de Satanás com o texto de Mt 12.29. Hoekema explica:

Haverá alguma indicação, no Novo Testamento, de que Satanás estava preso na época da primeira vinda de Cristo? De fato há. Quando os fariseus acusaram Jesus de expulsar demônio pelo poder de Satanás, Jesus respondeu: “Ou, como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo?” (Mt 12.29). É bem interessante que a palavra utilizada por Mateus, para descrever o aprisionamento do homem valente, é a mesma palavra utilizada em Apocalipse 20 para descrever o aprisionamento de Satanás (o termo grego deo). [14] – (Grifos meus).

Assim, os amilenistas mostram que, entender que o aprisionamento de Satanás de forma figurada significa que, se no tempo do Antigo Testamento ele podia enganar as nações contra as verdades de Deus, agora, por ocasião da primeira vinda de Cristo, sua ação enganadora está restrita.

Além disso, contra o argumento dos premilenistas, de que a segunda vinda de Cristo acontecerá em duas etapas, com a primeira para a inauguração do milênio e a segunda para a inauguração da era porvir, os amilenistas sustentam que Apocalipse, e os demais textos apontam para um reino milenar de Cristo antes de sua vinda, que não será em duas etapas, mas um evento único, e que após a era atual, seguir-se-á a era vindoura, sem nenhuma outra era entre ambas. Mas uma vez tomamos emprestadas as palavras de Hoekema:

O fato de que o Reino milenar, retratado em 20.4-6, acontece antes da Segunda Vinda de Cristo fica evidente porque o juízo final, descrito nos versos 11 a 15 deste Capítulo, é retratado como vindo após o Reino de mil anos. Não somente no livro do Apocalipse, mas também em todo o restante do Novo Testamento, o juízo final está associado com a Segunda Vinda (Apocalipse 22.12; Mateus 16.27; 25.31,32; Judas 14.15; e especialmente 2 Tessalonicenses 1.7-10) Sendo este o caso, fica óbvio que o reinado milenar de Apocalipse 20.4-6 tem de ocorrer antes e não depois da Segunda Vinda de Cristo”. [15] – (Grifos meus).

Portanto, à luz da interpretação de que Satanás já está “preso”, e de que o milênio tem de acontecer antes da volta de Cristo, que será um evento único, parece-nos coerente a posição amilenista comparada com as outras posições.

Conclusão

Como vimos no início, poucos textos tem sido, não apenas divisores de opinião, como ponto de partida para as posições escatológicas como o tem sido o texto de Apocalipse 20.1-6. Basicamente, como podemos ver neste artigo, a maneira como se interpreta esse texto é que define qual posição escatológica é tomada. Diante disso é muito importante compreendermos como é abordado, não apenas o texto, mas como é abordado o livro de Apocalipse como um todo.

A abordagem mais literal, consequentemente, verá o milênio, bem como a prisão de Satanás e o reinado terreno de cristo como literais, principalmente, porque Apocalipse 19, já narra a vitória sobre as bestas e o anticristo, restando ainda o último inimigo.

Uma abordagem, como a do amilenismo que considera o paralelismo progressivo [16] a melhor maneira de se abordar o livro, entende que a vitória de Apocalipse 19 não deve ser entendida como imediatamente antes do milênio, mas entende que enquanto apocalipse 19 encerra a sexta seção do paralelismo progressivo, por sua vez Apocalipse 20 inicia a sétima seção do paralelismo. Isso se assemelha a dizer que ambas as vitórias, em Apocalipse 19 e em Apocalipse 20 são a mesma. Conforme observa Hoekema:

Se, pois, alguém considerar Apocalipse 20 como mostrando o que cronologicamente se segue ao que foi descrito no Capítulo 19, esta pessoa realmente concluiria que o milênio de Apocalipse 20.1-6 virá após a volta de Cristo.

Entretanto… os capítulos 20 a 22 constituem a última das sete seções do livro do Apocalipse e, por essa razão, não descrevem o que se segue na volta de Cristo. Antes, Apocalipse 20.1 nos traz mais uma vez, de volta ao início da era do Novo Testamento. [17]

Portanto, como vimos, o amilenismo parece ser a posição mais coerente em relação ao milênio. Podemos somar vozes com a de Hoekema:

Este Reino milenar não é algo que deva ser aguardado no futuro; ele está acontecendo agora, e durará até que Cristo retorne. Por isso, o termo milenismo realizado é uma descrição apropriada da posição defendida aqui – se lembrarmos que o milênio em questão não é um reinado terreno, mas sim reinado celestial. [18]

Fonte deste artigo: Igreja Presbiteriana de Pinheiros


BIBLIOGRAFIA

BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática 3ª Ed Rev. São Paulo. Cultura Cristã. 2009.

HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. São Paulo. Casa Ed. Presbiteriana, 1989.

CLOUSE, Robert G. [Et Al]. Milênio: Significado e interpretação. Campinas, Luz para o caminho. 1990.

HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores. São Paulo. Cultura Cristã. 2001.

GRIER, William J. Os pais e o milênio. [Artigo] Disponível em http://www.amilenismo.com/2010/07/capitulo-iii-os-pais-e-o-milenio.html.

Grier, Willaim. J. O maior de todos os acontecimentos: análise do que ensinam as Escrituras acerca da segunda vinda de Cristo. São Paulo: Metodista, 1972.


[1]   Segundo William J. Grier, Charles Feinbeger também afirmava isso. Cf. GRIER, William J. Os pais e o milênio. [Artigo] Disponível em http://www.amilenismo.com/2010/07/capitulo-iii-os-pais-e-o-milenio.html.  Acessado em 05 de junho de 2018

 16 CLOUSE, Robert G. [Et Al]. Milênio: Significado e interpretação. Campinas, Luz para o caminho. 1990. Pp. 9

17   GRIER, William J. [Artigo] Loc. Cit.

[4]   Apud. GRIER, William J. [Artigo]. Loc. Cit.

[5]   GRIER, William. Op Cit.

[6]   CLOUSE, Robert G. [Et Al]. 1990. Pp. 5.

[7]   CLOUSE, Robert G. [Et Al]. 1990. Pp. 11.

[8]   HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. São Paulo. Casa Ed. Presbiteriana, 1989. Pp. 197.

[9]   HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp .198

[10] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática 3ª Ed Rev. São Paulo. Cultura Cristã. 2009. Pp 656. Et. Seqs.

[11] CLOUSE, Robert G. [Et Al]. Milênio: Significado e interpretação. Campinas, Luz para o caminho. 1990. Pp. 95.

[12] HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp. 191

[13] BERKHOF, Louis. 2009. Pp. 661 Et. Seqs.

[14] HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp. 244.

[15] HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp. 242.

[16] Para uma melhor compreensão dessa abordagem de Apocalipse o leitor poderá ver:

HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores. São Paulo. Cultura Cristã. 2001. Cap. 4

[17] HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. São Paulo. Casa Ed. Presbiteriana, 1989. Pp.241

[18] HOEKEMA. Op. Cit.  Pp. 250


Sobre o autor: Leonardo William de Oliveira Gomes é Brasileiro, natural de Juiz de Fora – MG, Casado. Cursou o Instituto Bíblico de Teologia Reformada, é bacharelando em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel Da Conceição, seminarista pela Primeira Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora. Membro da Igreja Presbiteriano do Brasil desde 1997, atualmente faz estágio na Igreja Presbiteriana Betel -São Paulo; Pai do Matheus.


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FAZENDO A DIFERENÇA NA CIDADE

Rev. Jefferson M. Reinh

Uma das frases mais faladas nos nossos dias é “fazer a diferença”. Tanto na Igreja como fora dela, as pessoas se interessam, as empresas buscam, as autoridades valorizam aqueles(as) que “fazem a diferença”. Por quê? Creio eu, numa opinião particular, que estamos meio que cansados. Cansados de frustrações em meio a promessas, decepções com diversos agentes, tentativas empíricas… e parece que quando a chave é clicada com a expressão quase mágica “fulano faz a diferença”, nosso interesse se aguça quase que imediatamente.

Pensando em “cuidado com a cidade”, desejamos uma igreja que “faz a diferença” na cidade, que inspira uma sociedade a ser melhor e voltar seus olhos para os céus, a partir de um trabalho consistente. Eventos promovem isso? Talvez ações sociais em cascata? Propaganda? Evangelismos? Envolvimento com a política e busca por cargos? Creio que cada uma dessas frentes tem seu espaço e seu valor, mas a Bíblia apresenta um modelo que de fato produz relevância na sociedade, e o melhor, produz frutos legítimos para o Reino, a Glória de Deus e novos nomes no céu, que são o motivo da existência da Igreja (1Pe 2.11,12; Mt 5.16).

Em Atos 2.42-47, temos algumas atitudes e iniciativas que a Igreja do Senhor vivia, e que ocasionava a diferença numa sociedade marcada pela mesmice, pela religiosidade vazia, e que se distanciara de Deus. O tema não se esgota ali, mas podemos observar e buscar viver tais práticas em nossos dias.

1) Perseverança na doutrina dos apóstolos e perseverança na comunhão (At 2.42,44-46) – o termo perseverar indica algo mais profundo que apenas encontros rasos. A Igreja de Atos 2 era encharcada de entendimento (doutrina) nos ensinos bíblicos apresentados por seus líderes. Não se enchia de notícias, mas de bons princípios, bons exemplos, e juntamente com isso o bom trato de uns para com os outros (comunhão) e participação nos sacramentos, a mesa da comunhão.

2) Temor (At 2.43) – Um comportamento que tem sido contraditado e até mesmo desprezado em nossos dias. Temor tem o sentido de um profundo respeito, que desagua em obediência, ações norteadas pela Palavra do Senhor. O temor é o reconhecimento contínuo de estar na presença do Deus Santo, de sua Justiça viva e onipresente, de sua grandeza transcendente e seu amor imanente. Vivemos num tempo de banalização dos cultos, estudos, encontros… nossas almas necessitam de despertamento diante da Santidade de Deus e o desejo por santidade em nosso meio, andar na contramão de nosso tempo (Rm 12.1,2).

3) Unidade (At 2.46) – Unidade vai além de união, pois tem seu efeito quando muitos espelham um somente (Ed 8.1; 2Sm 19.14; Jz 20.1,8,11). A ideia é que mesmo havendo diversidade de corações, mentes, ações, a efetividade de submissão de todos relata um só coração, um pensamento, um Senhor, uma só fé, uma só alma. A unidade da Igreja vem do desejo comum de se submeter à Palavra (At 17.11).

4) Simpatia (At 2.47) – Deus concedeu àquela Igreja ser bem vista pelo povo. Embora a busca da Igreja fosse por fidelidade a Deus e o cuidado consigo mesma, suas ações reverberavam na sociedade. E a Igreja não estava de olhos fechados ao povo, mas agia com amor aos de fora, o que fazia que o acréscimo de irmãos fosse “natural”.

Pensemos nisso, e busquemos seguir o exemplo da Igreja de Atos 2.

Uma excelente semana para nós!

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SER CRISTÃO VIROU CRIME?

ristão virou crime?

O que o indiciamento do padre pernambucano tem a ver com você.

Dr. Antônio Carlos Junior

Já escrevemos – e muito – sobre a criminalização da homofobia promovida pelo STF em junho deste ano. Ultrapassando suas competências, o Poder Judiciário se dispôs a legislar, e em matéria criminal. A perseguição religiosa, com isso, tem todos os ingredientes para avançar. E, parece, já começou…

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) abriu inquérito para investigar se o padre Rodrigo Alves de Oliveira Arruda teria adotado conduta de LGBTfobia quando da ministração de uma missa. O motivo? Durante a cerimônia religiosa tal pároco teria solicitado que os fiéis assinassem uma petição com a intenção de pressionar o Senado para a aprovação de um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que retiraria o vigor da decisão do STF. No entender do padre, o julgamento do Supremo seria uma mordaça contra entendimentos religiosos e científicos.

Pois bem.

A base para o argumento do padre é, ao mesmo tempo, religiosa e jurídica. Seu receio era de que os cristãos – e as pessoas de modo geral – não pudessem expressar aquilo que pensam quando o assunto envolve LGBTs. Quase numa profecia, seu receio se cumpriu.

De acordo com o que expusemos no livro “Manual Prático de Direito Religioso: um guia completo para juristas, pastores, líderes e membros”, o Supremo fixou três teses na Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) n. 26, uma de impacto mais direto ao que nos interessa:

2. A repressão penal à prática da homotransfobia não alcança nem restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, qualquer que seja a denominação confessional professada, a cujos fiéis e ministros (sacerdotes, pastores, rabinos, mulás ou clérigos muçulmanos e líderes ou celebrantes das religiões afro-brasileiras, entre outros) é assegurado o direito de pregar e de divulgar, livremente, pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, o seu pensamento e de externar suas convicções de acordo com o que se contiver em seus livros e códigos sagrados, bem assim o de ensinar segundo sua orientação doutrinária e/ou teológica, podendo buscar e conquistar prosélitos e praticar os atos de culto e respectiva liturgia, independentemente do espaço, público ou privado, de sua atuação individual ou coletiva, desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero.

Uma leitura desatenta nos faria crer que a liberdade religiosa – e porque não dizermos, a liberdade de expressão em geral – foi respeitada. Mas esse pode ser um ledo engano pelo que consta em sua parte final:

desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero.

Aqui caímos na análise subjetiva do discurso de ódio, especialmente quando temos por referência o conceito de discriminação. Aliás, precisamos deixar claro que os cristãos, em sua imensa maioria, não são hostis ou violentos contra esse grupo. Ainda, a decisão não atinge apenas homossexuais e transexuais, mas todos os caracterizados como LGBTQI+, abrangendo travestis, bissexuais, queer, intersexos…

Nesse ponto, vale recordar que algumas igrejas protestantes, ou mesmo a Igreja Católica, não admitem mulheres ao sacerdócio. Esse fato é discriminatório? Segundo os dicionários, discriminar significa perceber diferenças, distinguir, colocar à parte por algum critério. O que as igrejas fazem é, a partir de aspectos teológicos, separar situações por conta de suas particularidades.

E se revela interessante que nossa Constituição coloca homens e mulheres num patamar de igualdade (art. 5º, caput e inciso I), mas nem por isso há decisões judiciais obrigando que as igrejas mudem seus posicionamentos quanto à consagração de mulheres.

Voltando ao caso em tela, expor uma interpretação religiosa da conduta LGBT, ou jurídica da decisão do STF, em nenhuma instância pode ser caracterizado como discurso de ódio. Desta feita, a simples abertura de inquérito no caso já não merece prosperar.

Se aceitarmos o indiciamento do padre pernambucano abriremos as portas para uma ferrenha perseguição aos cristãos. E você, caro leitor, pode ser a próxima vítima, ou melhor, o próximo criminoso.


Autor: Antônio Carlos da Rosa Silva Junior é Doutor e Mestre em Ciência da Religião (UFJF), Especialista em Ciências Penais (UNISUL) e em Direito e Relações Familiares (UNIVERSO), e Bacharel em Direito (UFJF) e em Teologia (CESUMAR). Presbítero na Quinta Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora / MG, há vários anos estuda os possíveis relacionamentos entre o Estado e as religiões.

Criador do canal Direito e Religião no YouTube e coordenador do site www.direitoereligiao.com.br, é autor e organizador de vários livros, incluindo sua mais recente obra, “Manual Prático de Direito Religioso: um guia completo para juristas, pastores, líderes e membros“.

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DEUS É QUEM SUSTENTA NOSSA CIDADE E PAÍS

Ev. Pedro Felippe

O nosso “Ano do Cuidado” tem sido realmente uma grande bênção para toda igreja. Até agora foram oito temas que trataram a respeito dos cuidados que devemos ter com o nosso relacionamento vertical (relacionamento com Deus) e com o relacionamento horizontal (com as pessoas e tudo que envolva o convívio de uma comunidade). Esse mês seremos desafiados a olhar com mais cuidado pela nossa cidade e país.

No livro de Salmos, capítulo 127.1b diz: “Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigiam os guardas”. Nos tempos do Antigo Testamento uma cidade era reconhecida como “cidade fortificada” por, pelo ao menos dois aspectos: 1- o tamanho e resistência dos muros que protegiam suas fronteiras e; 2- tamanho do poder bélico que a cidade possui, isto é, quanto maior e mais fortes fossem os muros, mais protegidas eram as cidades. Da mesma forma, se o exército era forte, a cidade também sofria menos com os possíveis ataques dos inimigos.

Esse salmo foi escrito por Salomão, um dos reis de maior prestígio entre o povo de Israel. Ele herdou de seu pai Davi o exército muito bem preparado além de ter sido muito próspero a ponto de ter plenas condições de levantar muros para proteger toda nação, mas por fim, Salomão compreende que não adianta nada ter muros e um grande poderio bélico se o Senhor não estivesse protegendo essa cidade. Claramente essa é uma declaração de fé no Deus que sempre guardou o seu povo além de ser um retorno à proteção que realmente interessa e que vai além das forças dos muros e dos poderes das armas e soldados, a proteção Divina.

Mediante a esse trecho do Salmo, quero destacar pontos que são importantes para o cuidado de nossa cidade, estado ou país:

1) A primazia da preservação da segurança de nossa cidade é de Deus. De acordo com a doutrina da Providência, Deus sustenta, retribui, concorre e preserva todo o Cosmos para a sua própria Glória. Se nos atentarmos para a história da humanidade veremos que por diversas vezes os homens tentaram assumir esse papel Divino e o resultado foi catastrófico. Guerras, pestes, fome, escassez e outras desgraças foram vividas pela sociedade;

2) Deus deve ser compreendido de acordo com a sua essência. Como crentes precisamos rejeitar a ideia de que Deus foi um Criador que depois de ter criado todas as coisas “deu corda no mundo” e o abandonou”. Essa é uma postulação de uma corrente teológica chamada de Deísmo da qual não compartilhamos. O Mesmo Deus que sustentou o povo no deserto, na Babilônia, nos momentos de dificuldades históricas é o mesmo que sustenta nossa vida, casa, cidade, estado, país e o mundo. Ele continua guardando suas criaturas e principalmente seus eleitos, isto é, Deus é essencialmente cuidadoso porque nEle reside todo o poder criativo e sustentável e prova disso é a entrega de Seu Filho, Cristo Jesus.

Portanto, cuidar de nossa cidade/país trata-se de entender que inútil é romper a madrugada com armas nas mãos buscando proteção principalmente sabendo que essa é uma função do Estado, correr atrás das vãs riquezas e falsas estabilidades econômicas ou apenas exercer nossa cidadania nos períodos eleitorais. Cuidar é entregar nossa sociedade nas mãos de quem sempre cuidou de cada detalhe da existência da criação. Por isso, ore mais por Juiz de Fora, Minas Gerais e pelo Brasil.

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O MILÊNIO DE APOCALIPSE 20 (PARTE 1)

Seminarista Leonardo Oliveira

O reino milenar de Cristo é literal ou simbólico? Acontecerá no céu, ou será na terra? Os crentes que julgarão com Cristo são apenas os mártires ou todos os crentes? Perguntas como estas estão todas relacionadas ao milênio.

Poucos textos nas Escrituras trazem tamanha divergência na interpretação como o de apocalipse 20.1-6. Numa primeira leitura, despreocupada e descompromissada, aparentemente, o texto descreve um período de tempo em que Cristo exercerá um governo terreno de mil anos. Durante esses mil anos, Satanás será preso, e alguns crentes – os quais não sabemos quem são – se assentarão em tronos, tendo autoridade para julgar. Se os crentes decapitados por causa do testemunho de Cristo não são os mesmo que se assentarão em tronos, então temos dois grupos que reinarão com Cristo durante o milênio. Além disso, é dito que, após o milênio será necessário soltar Satanás; felizes e santos são os que tem parte na primeira ressurreição, além de que não estarão mais submissos à morte.

Se fosse fácil assim, nenhum problema teríamos dessa passagem, entretanto, nenhuma posição acerca desse texto o trata assim. Sempre é necessário se fazer um estudo do texto, e numa análise mais atenciosa perceberá que há muito que se explorar na passagem.

Neste artigo veremos as quatro posições milenistas – a saber, premilenismo histórico, premilenismo dispensacionalista, pós-milenismo e amilenismo – e como cada uma delas responde perguntas como as que fizemos.

Desenvolvimento

A – Diferentes Posições Sobre o Milênio

Premilenismo Histórico

A primeira posição sobre o milênio que iremos analisar é o premilenismo histórico. Na concepção de Irineu, um dos pais da igreja, o mundo atual durará seis mil anos, referentes aos seis primeiros dias da criação, enquanto que o milênio do governo de Cristo será referente ao dia do descanso, o sétimo dia. Nesse período (o milênio), Cristo reinará, Jerusalém será restaurada, a terra dará seu fruto com rica abundância, seguindo-se então o juízo final. [1]

Inicialmente, adotando uma abordagem mais literal do texto, o premilenismo histórico crê num reino milenar de Cristo e seus crentes aqui na terra. Isso ocorrerá antes da era vindoura, daí o nome premilenismo. Os fiéis que tiverem sido mortos, ressuscitarão por ocasião da volta de Cristo, e os vivos receberão corpo glorificado. Os premilenistas históricos creem que os sinais da volta de Cristo irão precedê-la, e que por ocasião dessa volta os crentes vivos serão arrebatados para um encontro com Cristo nos ares. Para eles, durante o reino milenar terreno a morte e o pecado ainda existirão, mas com seu grau de influência mínimo sobre os homens.

Embora, diferente dos premilenistas dispensacionalistas, os premilenistas históricos creem na volta de Cristo como evento único, ainda assim, creem também em uma dupla ressurreição, onde os salvos ressuscitarão na vinda de Cristo, para participarem do reino milenar, enquanto que os infiéis ressuscitarão ao final do milênio, para seguirem ao juízo final. Anthony A. Hoekema, teólogo reformado, em seu livro “A Bíblia e o Futuro“, mostra como George Eldon Ladd, um dos proponentes do premilenismo histórico, defende a dupla ressurreição com base na 1ª carta de Paulo aos coríntios:

Ladd encontra mais apoio para seu ensino em 1 Coríntios 15.23-26, embora ele admita que esta passagem não fornece prova conclusiva para um milênio terreno. Ele apela especialmente para os versos 23 e 24: “Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias, depois (epeita) os que são de Cristo, na sua vinda. E então (eita) virá o fim (telos), quando ele entregar o Reino ao Deus e Pai…” De acordo com Ladd, Paulo retrata aqui o triunfo do Reino de Cristo realizado em três etapas. A primeira etapa e a ressurreição de Cristo. A segunda etapa ocorre na Parousia, quando os crentes são ressuscitados. Então vem o fim, quando Cristo entrega o Reino a Deus Pai; esta é a terceira etapa. Uma vez que há um intervalo significativo entre a primeira e a segunda etapas, não parece improvável que haja também um intervalo significativo entre a segunda e a terceira etapas. [2]

Assim, algumas das características básicas do premilenismo é sua defesa de uma dupla, às vezes até tripla ressurreição, e do reino milenar (literal ou não) sobre a terra. Para seus defensores, Cristo inaugurará um período de reinado, cujo o tempo será marcado por uma significativa paz e prosperidade.

Premilenismo Dispensacionalista

O premilenismo dispensacionalista é relativamente uma posição recente e teve seu início na época de John Nelson Darby (1800-1882) [3]. Basicamente, ambos premilenismos – histórico e dispensacionalista – adotam linhas semelhantes de interpretação, entretanto, algumas diferenças são marcantes. Conforme observa George Eldon Ladd, teólogo premilenista histórico conforme vimos, “A primeira condição sine qua non do dispensacionalismo é a distinção entre Israel e a Igreja”. [4]

Tal método de interpretação se dá à luz da abordagem bíblica, uma mistura de alianças e dispensações, conforme observa Louis Berkhof, teólogo reformado do séc. XX:

Deus trata o mundo da humanidade no transcurso da História com base em diversas alianças e conforme os princípios de sete dispensações diferentes. Cada dispensação é distinta, e cada uma delas representa uma diferente prova para o homem natural; e desde que o homem não consegue vencer nas sucessivas provas, cada dispensação acaba num juízo. […] (a teocracia em Israel) se seguisse o caminho da obediência poderia ter crescido em poder e glória, mas, em resultado da infidelidade do povo, foi finalmente derrotada, e o povo foi levado para o exílio. Os profetas predisseram essa derrota, mas também trouxeram mensagens de esperança e inspiraram a expectativa de que nos dias do Messias Israel tornaria ao Senhor com vero arrependimento, o trono de Davi seria restabelecido com inexcedível glória, e até os gentios participariam das bem-aventuranças do reino futuro. Mas quando o Messias veio e se ofereceu para estabelecer o Reino, os judeus deixaram de mostrar o requerido arrependimento. O resultado foi que o Rei não estabeleceu o Reino, mas se retirou de Israel e foi para um país distante, pospondo o estabelecimento do reino, até o seu regresso. Contudo, antes de deixar a terra, fundou a igreja, que nada tem em comum com o Reino, e da qual os profetas nunca falaram… desta igreja, Cristo não é Rei, mas a Cabeça divina”. [5] – (Grifos meus).

Assim, uma vez que o homem é incapaz de responder satisfatoriamente a cada aliança que Deus fez com ele, dá-se início a uma nova aliança, e portanto, uma nova dispensação começa. É desse ponto de vista que advém a distinção entre igreja e Israel. De tal distinção, portanto, que não ocorre no dispensacionalismo histórico, surge um método de interpretação cuja a escatologia difere em alguns pontos. Mais uma vez podemos evocar as palavras de Berkhof:

A volta de Cristo agora é iminente, isto é, ela pode vir a qualquer momento, pois não há eventos preditos que devam precedê-la. Contudo, sua vinda consiste de dois eventos distintos, separados um do outro por um período de sete anos. O primeiro deles será a parousia, quando Cristo aparecerá nos ares para encontrar-se com os santos… No fim do período de sete anos, dar-se-á a “revelação”, isto é, a vinda do Senhor, agora não para os seus santos, mas com eles. As nações existentes serão julgadas (Mt 25.31), e as ovelhas serão apartadas dos cabritos; os santos que morreram durante a grande tribulação serão ressuscitados; o anticristo será destruído; e Satanás será preso por mil anos […]. Após o milênio, Satanás será solto por breve lapso de tempo, e as hordas de Gogue e Magogue juntarão forças contra a cidade santa. Todavia os inimigos serão devorados pelo fogo do céu, e Satanás será lançado numa cova sem fundo, precedido pela besta e pelo falso profeta. Depois desse curto período de tempo, os ímpios ressuscitarão e comparecerão a juízo, perante o grande trono branco, Ap 20.11-15. E então haverá novos céus e nova terra.” [6] – (Grifos meus).

Portanto, a interpretação feita pelos dispensacionalistas crê que a “primeira parte” da segunda volta de Cristo não precisará ser antecedida pelos eventos descritos nas Escrituras como sinais do tempo da sua vinda (Cfm. Mt 24.1-55), ela pode acontecer a qualquer momento. Nessa ocasião, ainda na primeira parte de sua segunda vinda, cristo arrebatará a igreja, que não passará pelos sete anos de tribulação. Durante esse tempo de tribulação e após, durante o milênio, Israel se converterá, e o relacionamento de Deus com seu povo do Antigo Testamento será restaurado. Cristo regerá as nações com mãos de ferro a partir do monte santo. Ao final do milênio, quando satanás, enfim, for solto, tentará contra Cristo e seu povo, mas será definitivamente derrotado, dando início assim, a aquilo que chamamos de era vindoura.

Pós-Milenismo

Se as duas primeiras posições se assemelham, e ao mesmo tempo se diferem uma da outra, o mesmo pode ser dito entre as duas próximas. Na maioria das vezes, os premilenistas – históricos e dispensacionalistas – tendem a se comunicar melhor entre si, assim como os pós-milenistas e amilenistas.

Em geral, o pós-milenismo afirma que o retorno de Cristo será depois do milénio.  Geralmente os pós-milenistas creem que o reino milenar não se trata de um período de tempo literal, mas de um reinado literal não-terreno, quando, por meio da disseminação do evangelho, adentraremos uma era dourada, que ocorrerá progressivamente. Também podemos dividir o pós-milenismo sob duas perspectivas, uma antiga e outra mais recente. Berkhof observa que, em relação ao pós-milenismo antigo:

Embora suas exposições diferissem nalguns pormenores, a ideia predominante era que o Evangelho, que se propagará gradativamente pelo mundo todo, no fim se tornará imensuravelmente mais eficiente do que no presente e introduzirá um período de ricas bênçãos espirituais para a igreja de Jesus Cristo, uma idade de ouro em que os judeus também compartirão as bênçãos do Evangelho de maneira sem precedentes […], a idade de ouro da igreja, segundo se diz, será seguida por um breve período de apostasia, um terrível conflito entre as forças do bem e do mal, e pela ocorrência simultânea do advento de Cristo, da ressurreição geral e do juízo final. [7]

O pós-milenismo chamado moderno, aparentemente, é mais audacioso, pois acredita que a era dourada da igreja, também ocorrerá por meio da propagação do evangelho, entretanto, diante do empenho dos crentes em proclamá-lo, o que demanda certo esforço (e por que não crédito?) dos homens. Essa declaração de Shirley Jackson Case nos ajuda a entender como pensa um pós-milenista moderno:

Continuaremos buscando a Deus para introduzir uma nova ordem por meios catastróficos, ou assumiremos a responsabilidade de produzir o nosso próprio milênio, crendo que Deus está operando em nós e em nosso mundo o querer e o fazer para o seu beneplácito? [8] – (Grifos meus).

Ele mesmo dá a resposta nos parágrafos seguintes:

O curso da História exibe um longo processo de luta de evolução pelo qual a humanidade como um todo eleva-se cada vez mais na escala da civilização e da consecução, melhorando sua condição de quando em quando mediante sua maior habilidade e evangelho. Vista segundo a longa perspectiva das eras, a carreira do homem tem sido de real ascensão. Em vez de piorar, vê-se que o mundo melhora constantemente. […] desde que a História e a ciência mostram que o melhoramento é sempre resultado de esforços de realização, o homem acaba imaginando que os males ainda não vencidos haverão de ser eliminados por estrênuos esforços e reforma gradual, e não pela intervenção catastrófica da Divindade. […] as moléstias devem ser curadas ou evitadas pela habilidade do médico, os males da sociedade devem ser remediados pela educação e pela legislação, e as desgraças internacionais devem ser impedidas pelo estabelecimento de novos padrões e novos métodos de tratamento medicinal, e não por uma aniquilação repentina. [9] – (Grifos meus).

Além disso, também há divergências entre os pós-milenistas acerca de como será o reino milenar, e quem serão os que reinarão com Cristo. Sobre isso, Hoekema diz:

Benjamim B. Warfield, geralmente alistado entre os pós-milenistas, afirma que Apocalipse 20.1-6 descreve o aprisionamento de Satanás durante a era atual da Igreja, e o Reino das almas dos crentes mortos com Cristo nos céus durante a presente era. Em sua obra mais recente sobre o assunto, Loraine Boettner concorda com a interpretação de Warfield sobre esta passagem. Portanto, estes dois pós-milenistas adotaram a interpretação amilenista comum acerca dos seis primeiros versos de Apocalipse 20. J. Marcellus Kik, entretanto, mesmo concordando que o aprisionamento de Satanás esteja acontecendo no tempo presente, afirma que a expressão – “e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” – se refere aos crentes que vivem agora sobre a terra. De acordo com Kik, a “primeira ressurreição” (v.6) significa a regeneração destes crentes enquanto eles estão vivendo na terra, e os tronos do verso 4 são interpretados como um modo figurativo de descrever o reinado do povo de Cristo com ele agora sobre a terra. Normm Shepherd, também um pós-milenista, sustenta, que o aprisionamento de Satanás ainda é futuro. No entanto, ele concorda com Kik ao interpretar a “primeira ressurreição” como se referindo à regeneração. Ele também interpreta o “viver e reinar com Cristo” como descrevendo a vida presente dos crentes sobre a terra” [10] – (Grifos meus).

Para finalizarmos, podemos perceber também que, para os pós-milenistas a prisão de Satanás será simbólica, mas que para alguns ela já aconteceu, e para outros, essa prisão ainda vai acontecer, gradualmente, à medida que o evangelho progredir. Assim, a influência de Satanás não será totalmente anulada, mas diminuirá potencialmente. Muitos pós-milenistas também creem que, em relação aos sinais do tempo, pelo menos a tribulação e apostasia já passaram, e os outros sinais ocorrerão gradativamente. Ao contrário dos dispensacionalistas, creem que a volta de Cristo será um evento único, a ressurreição será geral, seguindo então o Juízo final, e a era vindoura, Céu e Inferno.

Amilenismo

Inicialmente precisamos dar a devida atenção ao termo amilenismo. Hoekema observa que o termo pode não ser o ideal:

O termo amilenismo não é muito feliz. Ele sugere que os amilenistas ou não creem em nenhum milênio ou, simplesmente, ignoram os primeiros seis versos de Apocalipse 20, que falam de um reinado milenar. Nenhuma destas duas declarações é correta. Embora seja verdadeiro que os amilenistas não crêem em um reinado terreno literal de mil anos, que se seguiria à volta de Cristo, o termo amilenismo não é uma descrição acurada de sua posição. [11] – (Grifos meus).

Hoekema diz isso pois, na concepção dele, todo amilenista crê em um reino milenar de Cristo, entretanto, não literal e não terreno. Contudo, ao lermos Berkhof, teólogo também amilenista, em sua Teologia Sistemática, podemos perceber que este não tem nenhum problema com o uso do termo, e nem mesmo, pelo que parece, se constrange de ser acusado de não crer em um milênio:

Alguns que esperam um milênio no futuro afirmam que o Senhor voltará antes do milênio e, portanto, são chamados de premilenistas; ao passo que outros acreditam que a sua segunda vinda ocorrerá após o milênio, e daí, são conhecidos como pós-milenista. Numerosos são, porém, os que não creem que a Bíblia autoriza a expectativa de um milênio, sendo costume falar deles como amilenistas. Como o nome indica, o conceito amilenista é puramente negativo. afirma que não há base suficiente para a expectação de um milênio e está firmemente convencido de que a Bíblia favorece a ideia de que à presente dispensação do reino de Deus seguir-se-á imediatamente o reino de Deus em sua forma consumada e eterna. [12] – (Grifos meus).

Isto posto, adotaremos a linha de amilenismo apresentada por Hoekema e seus pares, que parece ser a mais comum, crendo sim num reino milenar não literal nem terreno, não desprezando, todavia, a erudição de Berkhof.

O amilenismo, assim observado, é a posição teológica que crê que o milênio de Apocalipse 20, é vivido por todos os crentes desde que Cristo derrotou Satanás no deserto. Nesse sentido, como já faz quase 2 milênios que isso aconteceu, obviamente, os amilenistas não interpretam tal milênio como literal, mas simbólico.

Uma vez que o número dez significa totalidade, e uma vez que mil é dez elevado à terceira potência, podemos considerar a expressão “mil anos” como indicando um período completo, um período muito longo de duração indeterminada.[13]

Interessante observar é que os amilenistas creem que os crentes que reinarão com Cristo não são os que estão vivos atualmente, mas os mártires que deram suas vidas pela fé que tinham em Cristo. O reino milenar, então, não ocorre na terra, como pensam os pós-milenistas, mas no céu, com os tronos dos mártires. Isso significa que aqueles que morreram em Cristo já estão experimentando bênçãos espirituais nas regiões celestiais.

Em relação à prisão de Satanás, os amilenistas igualmente a interpretam como simbólica, entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, essa prisão não anula toda a ação de satanás, mas restringe a sua atuação como o “enganador das nações”. [14]

Para o amilenismo os sinais da vinda de Cristo aumentarão à medida que tal vinda se aproxima, e tal vinda se dará em um evento único, pensamento alinhado ao premilenismo histórico e pós-milenismo.

Entre tais sinais estão a manifestação do iníquo, a perseguição cada vez maior à igreja, o evangelho aos gentios, além de sinais da natureza.

 A ressurreição será geral; o arrebatamento será um cortejo da igreja com Cristo nos ares, de onde retornarão à terra para darem início ao juízo final, e assim, à era vindoura, seguindo-se céu para os salvos e inferno para os não-eleitos.

Fonte deste artigo: Igreja Presbiteriana de Pinheiros


[1]   BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática 3ª Ed Rev. São Paulo. Cultura Cristã. 2009. Pp 654.

[2]   HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. São Paulo. Casa Ed. Presbiteriana, 1989. Pp. 195.

[3]   HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp. 198.

[4]   CLOUSE, Robert G. [Et Al]. Milênio: Significado e interpretação. Campinas, Luz para o caminho. 1990. Pp. 18.

[5]   BERKHOF, Louis. 2009. Pp. 655.

[6]   BERKHOF, Louis. 2009. Pp. 655.

[7]   BERKHOF, Louis. 2009. Pp. 660

[8]   Apud. Loc. Cit.

[9]   Ibid. Loc. Cit.

[10] HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp. 189

[11] Loc. Cit.

[12] BERKHOF, Louis. 2009. Pp 653

[13] HOEKEMA, Anthony A. 1989. Pp. 242

[14] Conforme o texto byzantino: [ὁ πλανῶν τὴν οἰκουμένην ὅλην– “o que engana o mundo inteiro”], (Ap 20.2).


Sobre o autor: Leonardo William de Oliveira Gomes é Brasileiro, natural de Juiz de Fora – MG, Casado. Cursou o Instituto Bíblico de Teologia Reformada, é bacharelando em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel Da Conceição, seminarista pela Primeira Igreja Presbiteriana de Juiz de Fora. Membro da Igreja Presbiteriano do Brasil desde 1997, atualmente faz estágio na Igreja Presbiteriana Betel -São Paulo; Pai do Matheus.


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UM ANTI-PADRÃO NOVAMENTE NECESSÁRIO

 

Rev. Jefferson M. Reinh

Em tempos de extremismos, creio que o melhor remédio é ser ainda mais extremo. Se esta frase for bem entendida e aplicada de forma correta, sempre chegaremos a uma fé sadia no mundo.

Uma expressão foi cunhada em nossos dias para demonstrar como o ser humano tem buscado autojustiça, ser independente de Deus e de sua Lei. A expressão é “empoderamento”. Mulheres querem ser empoderadas, minorias querem ser empoderadas, os chamados “queers” querem ser empoderados. O que é isso? Querem ter poder, fazer valer sua voz, não apenas direitos, mas ditar as regras, ainda que sob força. E sob uma falsa expressão de convivência pacífica entre a diversidade de comportamentos e pensamentos, que só dura até a primeira contrariedade, vivemos dias de ativismo e muito revanchismo. Uns grupos falam de cultura de ódio, outros falam de libertinagem, e por aí vemos um tempo confuso e difícil de assimilar. Como agir nesses tempos?

O apóstolo Paulo nos leva a compreender profundamente o exemplo de Jesus. Ao ensinar aos irmãos da Igreja em Filipos sobre como proceder em meio às disputas por opinião, ou por ações concorrentes, Paulo leva aqueles irmãos a um padrão que eles não conheciam. O padrão de comportamento dominante naqueles dias era a antiga “Lei de Talião”, que afirmava “olho por olho, dente por dente”, ou no populacho, “bateu, levou”, ou ainda, “quem tem mais força, vence”. Era assim entre reinos, que disputavam forças e domínios, entre clãs, entre pessoas.

Paulo fala do padrão do evangelho (Fp 1.27-30), que é muito mais profundo e denso do que apenas citar a Bíblia. Ele convoca os irmãos a ter um pensamento e atitudes que são acordadas e submissas à Palavra de Deus, e os convoca a abandonar partidos, divisões, vontades e desejos pessoais em prol de um bem maior e mais frutífero (Fp 2.1-4), que seria abençoador para todos, embora num primeiro momento PAREÇA perder direitos e privilégios. Qual o modelo, Paulo? Como estabelecer um padrão? Em 2.5, o apóstolo estabelece tal marco: “tenham em vocês, na mente, no coração, na vida, o mesmo SENTIMENTO (opinião, sabedoria, entendimento, vontade, visão, foco) que houve em Jesus Cristo”. Paulo passa depois dessa convocação a explanar um dos maiores tratados cristológicos da Bíblia, no qual a obra de humildade de Jesus é apresentada de maneira belíssima, muito profunda (Fp 2.6-11).

Jesus é apresentado como sendo plenamente Deus, ou seja, não apenas se parece, mas é, de fato (2.6). E sem deixar de ser Deus, plenamente, torna-se plenamente homem, com todas as implicações dessa natureza e fisicalidade (2.7). E com essas duas naturezas plenas em si, Jesus quebra o padrão da “lei do mais forte”, estabelecendo a Lei da humildade e da oferta de si por outrem (2.8). Vale muito estudar e aprender sobre este texto e sobre a pessoa e obra de Jesus nele.

A Igreja de hoje deve observar esse padrão. Em dias de tantos gritos e ações violentas em busca de empoderamento, a Igreja é a voz de outro, a do seu Mestre. Em dias de tamanho individualismo, a Igreja é humilde para se submeter à Palavra de Cristo e à Pessoa e Obra de Cristo. O resultado vem como veio em Fp 2.9-11. A Igreja será exaltada em Jesus Cristo, daí ser chamada de mais que vencedora (Rm 8.37).

Pense nisso. Dias de tantas disputas, vamos aprender e praticar a verdadeira humildade bíblica!

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EXTRAORDINÁRIO CRISTO DOS RELACIONAMENTOS

Ev. Pedro Felippe

Na próxima semana, 04, 05 e 06 de outubro acontecerá o Congresso “Extraordinário Cristo” aqui em nossa igreja. Vamos falar a respeito das obras magníficas de Jesus e uma das coisas mais extraordinárias na vida de Cristo é o legado que Ele deixou com  respeito aos relacionamentos. Arrisco dizer que Jesus é o Cristo dos relacionamentos, isso porque a grande missão dEle foi justamente realinhar, redefinir e resgatar os eleitos ao relacionamento com o Deus Criador de todas as coisas.

Cristo fez essa extraordinária obra se entregando a uma morte violenta numa cruz que era tida como maldita, mas que por conta do ato de amor de Jesus nela, se tornou bendita para cada um de nós.

A dimensão do sacrifício de Cristo é muito maior do que podemos imaginar. Elevar o relacionamento de pessoas iracundas, adúlteras, assassinas, vingativas, coléricas e mortas em seus delitos e pecados (Ef. 2.1) ao nível de intimidade com Deus que é Santo foi um ato de amor incondicional e misericórdia, portanto, Ele, Cristo Jesus, o nosso Senhor, garantiu a paz com Deus (Rm 5.1) para que hoje pudéssemos viver uma plena comunhão com Deus que fora destruída pelo pecado. A abrangência da obra extraordinária de Cristo foi tão grande que nos proporcionou também a capacidade de nos relacionarmos harmoniosamente com as pessoas em nossa volta, fazendo jus ao pacto social.

Podemos dizer com toda clareza que Cristo é o Deus dos relacionamentos. Ele não se importou em pedir água a uma mulher samaritana, mesmo que essa atitude fosse uma quebra de paradigmas para a sociedade vigente. Ele não se importou em se assentar juntamente com publicamos e pecadores para fazer refeições que, para a comunidade judaica, era o grande símbolo de comunhão. Ele amou um jovem rico que o desprezou. Ele se compadeceu de cegos, leprosos, adúlteras e até de um malfeitor que estava pendurado na cruz ao seu lado e, por fim, depois de todo escárnio, injúria e açoites Ele foi capaz de exclamar: “Pai, perdoa porque eles não sabem o que fazem!” (Lc. 23.34)

Será que entendemos verdadeiramente essa realidade? Desfrutamos desse benefício que Cristo nos trouxe na cruz, de ter bom relacionamento com aqueles que são desvalidos ou que nos perseguem? Ou estamos levantando contentas, fofocas, rixas e levantes uns contra os outros?

Essa é última semana do mês com o tema “Cuidado com os Relacionamentos”, mas não acabou a oportunidade de vivermos uma vida santa nos relacionamentos entre as pessoas.

Podemos ter sim relacionamentos que reflitam a obra de Cristo na cruz, mas para isso é fundamental entendermos que a Graça envolve pessoas e essas pessoas são parte do nosso culto diário  a Deus. Apresentemos, pois, um culto a Deus que seja santo, vivo e agradável a Deus (Rm 12.1) . Participe do Congresso, venha adorar a Cristo e ser abençoado por meio da Palavra.

Boa semana a todos!

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CELEBRANDO A IMPOTÊNCIA – 2 Co 12.9,10

Rev. Jefferson M. Reinh

Que coisa é essa? Celebrar a impotência? Está doido, pastor? Não, querido leitor. Venho falar de uma liberdade não celebrada pelo ser humano em geral, e desfrutada por poucos no meio cristão. Vivemos em meio a uma pressão social incrível por sucesso. E além da pressão avassaladora, que massacra o indivíduo na busca por ser um “vencedor” a todo custo, que o impele a tratar com desdém aqueles que não vão nessa corrente, a própria concepção de sucesso, vitória, conquista, é distorcida de uma visão de bem para o ser humano. Na realidade, é predatória, competitiva e mortal. Observe o número de suicídios, observe a onda de frustração e depressão dos nossos dias.

Pois bem, a liberdade de que venho falar nesse breve texto está relacionada a conhecer e desfrutar da graça do Senhor. E conhecer a graça envolve entender que é na Pessoa de Cristo Jesus e na obra de Cristo Jesus está toda a verdadeira vitória, todo o livramento de opiniões, conceitos sociais e humanistas, e todo o verdadeiro sucesso que almejo, mas nem sempre entendo ou reconheço.

O cristão que desfruta da graça recebe o poder de declarar sem culpa “eu não sou capaz”. Sim, essa declaração tão evitada em nossos dias, e tão escondida nas nossas rodas sociais, é perfeitamente aceita e vivida quando se tem Jesus. Mais ainda: é uma fonte de confiança, de refrigério, descanso e de… prazer. O cristão tem em Jesus seu braço forte, tem na pessoa do Filho o seu sacrifício e sua libertação, e assim pode se compreender e declarar-se impotente diante dos desafios hodiernos, mas, confiante, também se declarar vencedor através de Jesus. Essa declaração percorre toda a Bíblia, pois era o sentido da Aliança ensinado por Deus (Ex 3.19,20; Ex 6.7), a confiança dos profetas (Ez 11.19,20), salmistas (Sl 89.13) , reis (2Cr 20), o ensino de Jesus (Jo 15.5), a teologia apostólica (1Pe 5.6; Tg 4.10), a convicção da Igreja militante e triunfante (Ap 5.1-10).

Indo no sentido oposto ao do mundo, que nos empurra discursos vazios e infrutíferos de auto-ajuda e batalhas das quais nos escondemos das opiniões e dos resultados, a fé cristã estabelece o pensamento da confiança e obediência aos ensinos de Jesus. Jesus nos concede a liberdade de descansar humildemente nEle. Jesus vence nossas batalhas, e nos concede a bênção de afirmar “eu não consigo por mim mesmo”. O mundo tem chegado a limites do absurdo. Um dos livros mais vendidos no Brasil é uma tentativa de ignorar a opinião da sociedade e viver de modo displicente ante os desafios. Mas o cristão não é displicente. Ele é confiante na graça recebida CONTINUAMENTE.

Tal confiança deve ser compartilhada. Orar uns pelos outros, perdoar uns aos outros, amar mutuamente, ensinar e crescer em parcerias. O fortalecimento e a alegria de Jesus são suficientes a mim e ao meu amado irmão também. Que gloriosa alegria poder lançar meus fardos sobre os fortes braços do Senhor (Mt 11.28-30)!

O homem de hoje é sufocado por não poder dizer “não posso, não consigo”. Com isso se isola, se machuca, se deprime. Mas o cristão, pela graça de Jesus, pode se juntar a outros irmãos e orar confiante diante dos desafios, e reconhecer sua impotência, crendo que o Soberano irá socorrê-lo. Pense nisso, livre-se do isolamento, busque confiante Jesus, juntamente com outros irmãos. Cuide de seus relacionamentos!

Que o Senhor nos abençoe!

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A DINÂMICA DO PERDÃO

 

Rev. Jefferson M. Reinh

As influências que absorvemos da sociedade vão moldando nossa visão de mundo e, consequentemente, nossas relações. Veja uma questão que quero meditar com você: se sabemos o quão importante é perdoar, e como traz tamanhos benefícios a quem fornece e a quem recebe, por que é tão complexo praticar esse(s) atos de cura? Vamos trabalhar isso um pouco?

Veja: vivemos numa sociedade embebida em ufanismos. Como brasileiros temos ouvido continuamente que “o Brasil é o país do futuro”. Mas esse futuro não chega… Esse pensamento não vem de hoje, pois no descobrimento de nossa terra foi cunhada a expressão “em se plantando tudo dá”, na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal. Não sou pessimista nem quero aqui ser o “espalha montinho”. Mas pense em como nos apoiamos muitas vezes em frases de efeito, em conselhos de “coaches”, gurus de auto-ajuda, mas não traçamos uma trilha que de fato leve a alma a ser livre, saciada, e a relacionamentos sadios de fato. Se observarmos a Bíblia, veremos um caminho “sobremodo excelente” (1Co 12.31), porém árduo. Mas esse chega lá!

A Bíblia nos ensina que Deus sempre concedeu ao homem a visão realística de quem ele é. A Bíblia nos mostra que somos pecadores, e famintos pelo pecado e pelo engano (Sl 51.5; Jr 17.9,10; Rm 7.18-20 e outros). Moisés discipulou o povo no deserto ensinando canções para que se lembrassem QUANDO pecassem, não SE pecassem (Dt 31.14-21). Logo, algo que devemos ter como muito natural sobre nós e sobre o próximo é que somos pecadores, e assim, decepcionamos pessoas e pessoas nos decepcionam. E ainda, as pessoas que mais declaramos amar e que ouvimos a recíproca são as que muitas vezes nos machucarão, e também serão machucadas por nós.

Por que, então, carregamos as dores das decepções, se sempre concebemos que “somos falhos”, como afirma o discurso comum? Exatamente porque mentimos, e muito, a nós mesmos e ao próximo. Mentimos a nós quando projetamos sobre o próximo o peso de nos agradar e nos servir em tudo, mentimos quando esperamos do outro algo que sabemos que ele(a) não possui, a perfeição. E guardamos mágoas enormes quando enchemos nossa alma de autojustiça, nos colocando sempre na posição de vítimas diante das expectativas lançadas sobre outrem, mas impossíveis de ser plenamente atendidas. A culpa é sempre do outro…

A Bíblia nos educa, pois em Deus temos o verdadeiro perdoador. Ele é o ofendido, o traído, e Ele é quem vem nos buscar e perdoar, mas de fato, redimir. O livro de Oseias é uma descrição lindíssima disso. O Senhor Jesus é o perdão de Deus em plenitude. Jesus nunca esperou de nós perfeição para nos perdoar. Ele perdoou, e perdoou, e perdoa, e nos anima a buscar a perfeição, embora sempre saiba que falharemos muitas vezes.

Aprendamos com Jesus! Aprendamos e exercitemos o perdão! Não por nossa força, por nosso convencimento, pois assim vai falhar sempre, ficará sempre pontas de mágoa. Mas no Espírito Santo há poder para perdoar e para curar relações. NEle há o convencimento (Jo 16.8), há transformação, há cura. Ore sobre isso: “Senhor, eu sei que sou muito falho, mas meu próximo também o é. Me eduque a perdoá-lo, assim como o Senhor tem me perdoado constantemente” (Mt 6.12; Cl 3.13; Mt 18.21,22). Cuide bem de seus relacionamentos! Perdoe mais, exerça mais tolerância e sabedoria bíblicas! Deus nos abençoe!

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