Rev. Jefferson M. Reinh

Celebramos, na próxima quarta-feira, dia 31, 501 anos da Reforma Protestante de 1517. Para nossa meditação neste curto texto, levanto a questão: o que os “Solas” da Reforma significam para a Igreja do Século XXI? Isso atinge nossa fé em que pontos?

Primeiramente, vamos definir alguns termos. A expressão “Sola” vem do latim e significa “somente”, ou “”, e tem o sentido principal de estabelecer singularidade, exclusividade, restrição. Os reformadores, diante do cenário confuso e distante da Bíblia que se apresentava a Igreja na Idade Média, buscaram a volta à religião vivida nos dias da Igreja Primitiva, liderada pelos apóstolos de Jesus Cristo. Assim, asseveraram o “Sola Scriptura” (somente a Escritura) ressaltando a autoridade final da Bíblia, a sua suficiência e sua totalidade como regra (padrão) de fé e prática para os crentes (Lc 21.33). Da mesma forma, “Sola Gratia” (somente a graça) como meio de salvação para a humanidade, o evangelho genuíno concedido ao ser humano incapaz de salvar-se por si mesmo (Ef 2.8). O “Solus Christus” (somente Cristo) assevera Jesus como único Redentor, Senhor, que se encarna, sofre, morre e ressuscita, cumprindo o plano de Deus (At 4.12). “Sola Fide” (somente a Fé) destaca a fé como dom de Deus concedido ao homem, e somente crendo pode obter o favor de Deus, não havendo obra alguma que conceda méritos salvíficos (Ef 2.8,9). E em tudo isso, o “Soli Deo Gloria” (Somente a Deus a glória) trouxe novamente o propósito da Igreja e o indivíduo buscar glorificar a Deus em todas as coisas (1Co 10.31). Os “Solas” mostram o caráter exclusivista do evangelho de Jesus Cristo (Jo 14.6).

Por outro lado, vivemos em dias em que a expressão “pluralidade” ou “diversidade” estão em evidência em muitos sentidos, sociais, biológicos, econômicos e até mesmo religiosos. Por “plural” entende-se que exista sempre mais de uma via, mais de uma opção nas diversas esferas de vida e inter-relações pessoais, sociais etc.

E assim como nos dias da Reforma, temos diante de nós os conceitos que permeiam o pensamento comum colidindo com nossas declarações de Fé e com a Palavra de Deus. Cabe à Igreja atual se posicionar diante de Deus e do mundo, assimilando as consequências de seu posicionamento.

Embora se afirme os “Solas”, vemos que tem se tornado comum a questão de se colocar mais algum ponto nas caminhadas da vida. É a Bíblia sendo serva da cultura, e a Bíblia colocada em segundo plano; É Jesus o salvador, mas incluímos obras meritórias, tais como as indulgências na idade média. Declaramos a graça, mas atribuímos valores a nós mesmos como se dignos fôssemos de ser salvos. E glorificamos a Deus, mas também ao homem, suas conquistas, seu estudo, quase colocando-o como um Criador em potencial, que está perto de ser “livre” da autoridade do Criador
Soberano.

A pluralidade de nossos dias, sorrateiramente, tem colocado a Fé Bíblia em perigo. Enquanto a Fé Bíblica coloca o homem como servo, dependente, e exalta o Deus Trino somente, a Fé Plural disfarça seu culto, e aos poucos coloca o homem no trono da Adoração. Esta exalta Deus, mas exalta o homem, pois o culto torna-se centrado no que o homem quer de Deus.

A Reforma lutou diante disso no Século XVI, e até hoje, essa é uma luta que temos diante de nós. Pense nisso, corajosamente! Que o Senhor nos ajude a viver a Reforma hoje!

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