SUFICIÊNCIA – Muito mais que uma palavra

Rev. Jefferson M. Reinh

Somos uma sociedade em que a satisfação é extremamente mal compreendida. Veja numa celebração, por exemplo. Queremos sempre que os convidados comam e bebam com fartura, que não é medida pela suficiência, mas pelo “não aguentar mais”. Nos almoços em família, as mesas agradam mais os olhos que o estômago, e as academias são a compensação e o lamento no dia seguinte. Assim vemos com roupas, que compramos ou desejamos mais do que precisamos, ou nos eletrônicos, jogos, na sociedade baseada em consumo. Não há suficiência, satisfação, prazer, contentamento. Difícil encontrar alguém dizendo “tenho tudo que preciso”, como Paulo falava (Fp 4.11-13).

Na fé, a suficiência é também muito mal compreendida, e mais ainda mal aplicada. É comum nas igrejas cantarmos que Jesus é tudo, Jesus é poderoso, Jesus é o Senhor. Mas não observamos nessas mesmas igrejas a confiança e satisfação, o prazer na pessoa e na obra de Jesus. É comum a associação de Jesus “mais alguma coisa”. Jesus é o todo-poderoso, mas eu preciso dar minha contribuição com algumas obras, algumas correntes (que aliás, sugestivamente, mais aprisionam que libertam), alguns “feitos” para alcançar um favor… isso é não entender a suficiência de Cristo.

Na Bíblia vemos isso com os irmãos da Igreja em Colossos, cidade próxima a Éfeso, atualmente no território da Turquia. Era por volta do ano 60 d.C., e aquela igreja era constantemente assediada para que se envolvesse em ritos relativos ao antigo judaísmo, guardando dietas específicas, ritos quanto à circuncisão (prática substituída pelo Batismo), práticas do calendário judeu. Era também atacada, por outro lado, para que oferecesse culto e veneração a anjos, procedesse de modo humano a forçar aparência de piedade, e observasse a filosofia grega predominante naqueles dias (observe o capítulo 1.16-19).

Paulo corrige aquela igreja a viver uma fé sadia e verdadeiramente libertadora, e exalta a Jesus Cristo como sendo SUFICIENTE. Entre outras questões mais profundas. Jesus é destacado por Paulo como o Criador (Cl 1.16), Cabeça (Cl 1.18; 2.10), e Salvador (1.20-23), e que qualquer outra doutrina não é nada mais que “filosofia e vãs sutilezas” de homens (2.8). A palavra PLENITUDE deve ser muito bem entendida e degustada. Jesus é a plenitude da Divindade (1.9), nele reside toda a plenitude quanto à criação e restauração da criação e do homem (1.15-20). Jesus é pleno, e isso deve nos levar a Ele, nada mais que Ele, nos socorrermos e sermos tratados, transformados, satisfeitos, prazerosos nEle, Jesus de Nazaré!

Nesse tempo de consumismo e disputas por destaques de sucesso e opulência, a Igreja é também tentada a buscar mais do que Jesus, e cair no erro de perder o melhor da vida, que é o próprio Jesus. Os discípulos caíram nesse erro quando pediram ao próprio Jesus, numa tola humildade, que lhes mostrasse o Pai (Jo 14.8-12). Jesus, na sua paciência, os ajuda a compreender que o Pai estava ali de frente para eles, na Sua Pessoa. Corremos esse mesmo perigo ao abandonar a compreensão e a vida em Jesus, pleno, para oferecer atrativos e novidades ao mundo, na tola esperança de salvá-lo de modos não bíblicos, ou acessórios que até parecem bons, mas não salvíficos.

É tempo de conhecer e viver a Suficiência de Jesus! Compreender sua obra suficiente para salvar e redimir TODAS as áreas de sua vida! No cuidado com sua cidade, Jesus é suficiente para redimir nossa sociedade! Pense nisso. Deus abençoe nossas vidas!

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