Rev. Jefferson Marques Reinh
07 de setembro de 1822, a data que marca a mudança do Brasil colônia para o Brasil independente. Nesta data, a cada ano, as grandes cidades assistem desfiles de escolas, militares, caminhões com armas de grande porte, aviões fazem peripécias, autoridades discursam. O civismo aflora, os participantes têm a impressão de um Brasil poderoso, que levantou-se como gigante (que de fato é) que cuida de seu povo e avança rumo a um futuro de orgulho e grandeza. Será???
Pergunto-me se de fato podemos ter orgulho de ser brasileiros, ao observar fatos e comportamentos presentes nesses nossos dias.
A quantidade de escândalos que assistimos é tão absurda que não há tempo de acompanharmos tudo que lemos e ouvimos a cada dia sobre desvios financeiros, propinas, prisões, solturas, delações, negações, e ainda o reflexo dessas sujeiras na saúde pública, na educação formal, na falta de equipamento e treinamento das polícias, a falta de infraestrutura e cuidados básicos com o povo brasileiro. Vemos um povo anestesiado, indiferente ou mesmo descrente de alguma mudança, descrente das instituições, descrente de um futuro melhor.
O pior é ver o escárnio diante de tamanha tragédia. O lamento se transforma em zombaria. A falta de honra ao próximo se transforma em violência gratuita, ódio, mortes inumeráveis. O brasileiro perdeu o valor das boas palavras, do respeito, da dignidade humana. Piadas e xingamentos são o padrão estabelecido. Tornou-se feio ser cortês.
Seria mais triste, se não fosse por uma parte dos brasileiros, que amam esta terra e de lutam para não se contaminar com o pensamento dominante. Lutam sendo honestos, devolvendo o troco que faz pouca diferença, respeitando o solo que pisam, honrando os patrícios ainda que não sejam honrados, vivendo com nobreza ainda que não sejam vistos, reconhecidos, louvados. Seria mais triste o quadro da nação se não houvesse aqui uma Igreja genuína, que chora diante de Deus clamando “pela paz em Jerusalém” (Sl 122.6-9), que vive procurando pela paz nesta terra onde somos embaixadores, representantes do Reino mais sublime e santo que podemos imaginar (Jr 29.4-14; 2Co 5.20). Seria desastroso se Deus não ouvisse as orações e não agisse com justiça nessa Terra.
Nosso país tem sido o país das possibilidades e das decepções seguidas. Pero Vaz de Caminha escreveu que aqui “em se plantando tudo dá”, mas o que vemos plantada é a corrupção que tem se enraizado na mente do brasileiro. Dom Pedro bradou “independência ou morte”, mas o que vemos é que o brasileiro se vê cada vez mais dependente de mamom, de ser visto a todo custo como alguém rico e bem sucedido, mesmo através do mal estabelecido ao seu povo, ao seu semelhante.
Porém, nesse tempo de um civismo pálido, decepcionado, ainda se ouve as palavras e as lágrimas de um povo que geme diante do Trono do Altíssimo, e declara perante a nação: “verás que um filho teu não foge à luta”. É assim com o verdadeiro cristão, e o Senhor há de continuar limpando essa pátria. Continuemos a orar!!!
No comment yet, add your voice below!